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Exercícios e Covid-19

Pilates Mayara Caceres

Em 2012, um estudo da Universidade de Harvard publicado na revista científica Nature relatou a descoberta de uma nova molécula secretada pelas células musculares, a Irisina.

Conhecida como a quimiocina induzida pelo exercício, a qual é liberada principalmente pelo músculo e tecido adiposo.

Sua produção pelo músculo é induzida pelo exercício físico e se tornou uma das proteínas mais estudadas nos últimos anos pelo seu grande potencial benéfico à saúde.

O nome Irisina se origina da antiga deusa grega Íris, filha de Taumas e Electra, que, na mitologia grega, era a deusa mensageira das boas novas dos Deuses para os humanos. Esse nome se mostrou muito apropriado por se relacionar à função principal da irisina, como mensageira química, transmitindo os efeitos benéficos do exercício físico ao tecido adiposo (termogênese) e outros órgãos envolvidos no metabolismo.

O principal mecanismo da Irisina que leva à termogênese: induz o fenômeno chamado "Browing", que facilita a conversão do tecido adiposo (gordura) branco em tecido adiposo marrom ou bege; ou seja, ela favorece o escurecimento da gordura, um fenômeno muito benéfico ao corpo humano, pois enquanto a gordura branca é muito mais inflamatória e está relacionada às disfunções metabólicas, a gordura mais escura é especializada no gasto de energia (“queima calorias”), e tem influência positiva nos processos metabólicos e também pode aumentar a captação de glicose e lipídios no sangue, melhorando seu metabolismo independentemente da perda de peso.


O desenvolvimento mais frequente da forma grave de Covid-19 em pacientes com condições médicas crônicas, como obesidade e diabetes, está possivelmente relacionado ao papel da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) na infecção viral. O ACE2 é amplamente expresso nos pulmões, sistema cardiovascular, intestino, rins, sistema nervoso central e tecido adiposo, sendo o alvo do vírus, uma vez que o SARS-CoV-2 infecta as células usando o ACE2 como um receptor de entrada; ou seja, o ACE2 é a porta de entrada do vírus e está em maior quantidade em indivíduos obesos e diabéticos, o que transforma o tecido adiposo em um alvo potencial de reservatório viral. Um estudo brasileiro mostrou que a irisina pode aumentar a expressão dos genes que diminuem a densidade de ACE2, enquanto pode diminuir a expressão dos genes que regulam aumentando essa enzima no tecido adiposo.

A irisina possui um efeito positivo na expressão de múltiplos genes relacionados à infecção viral por SARS-CoV-2, tornando-se uma abordagem terapêutica promissora contra o agravamento da infecção pelo Covid-19.

Percebe-se que a irisina, produzida pelo músculo em resposta ao exercício físico, é uma molécula que nos traz o equilíbrio metabólico, estando em maiores níveis em pessoas mais ativas e saudáveis.

Torna-se mais uma evidência do quanto o exercício físico é fundamental para a homeostasia corporal, sendo um grande aliado à manutenção da saúde, desde a prevenção da síndrome metabólica até a melhora do humor e cognição.

Texto de Guilherme Renke

Médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e Médico do Esporte Titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

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